segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

UTILIZANDO O HEDGING COMO ESTRATÉGIA EMPRESARIAL

Os administradores, nas duas últimas décadas, tornaram-se mais cuidadosos com os riscos e seus impactos que vão além do controle estratégico das organizações. Principalmente riscos a respeito das flutuações da taxas de câmbio, taxas de juros e preço de mercadorias que desestabilizam a eficiência executiva. A importância da gestão de risco é enorme para se definir objetivos organizacionais claros e mensuráveis, sua ausência define um horizonte inalcançável. Um dos instrumentos propostos pela gestão de rico é o hedge.

Bases para uma gestão de risco: Bons investimentos geram valor para a empresa; Bons investimentos devem ser sustentados por fluxos de caixas seguros; e a forma de manter os fluxos de caixa constantes é protegendo os mesmo do risco sistêmico através da Gestão do Risco.
O uso do hedge vem crescendo fortemente pelas empresas. O mecanismo de Hedge tem por objetivo a proteção dos fluxos de caixas das empresas – sobrevivência das corporações, porém o mal uso deste mecanismo pode transformar a solução em um grande problema. Feito corretamente tem a capacidade de “minimizar” o risco sistemático do mercado, do contrário acabar gerando fluxos de caixas menores do que outras empresas que não utilizaram o Hedge.

Alguns profissionais discutem a validade do hedge nas empresas, onde fluxos de caixas negativos e positivos das empresas tendem no longo prazo se equilibrarem, e neste ponto de vista o Hedge é uma atividade desnecessária, as empresas não geram lucros fazendo hedge. Então qual seria a utilidade do uso para proteger os ganhos uma vez que estes se equilibram com o passar do tempo. Contudo seu uso deve notar a estratégia empresarial para minimizar o risco da insolvência das empresas. Objetivo do Hedge não é gerar lucro, mas sim reduzir o risco, garantindo um ganho determinado pelo investidor.

O Hedging é uma ferramenta útil para equilibrar a oferta interna de recurso com a demanda interna por recursos, financiar investimentos que agregam valor.

Uma multinacional, por exemplo, possui receita em diversos países, o câmbio do dólar contra as outras moedas podem alterar o volume das receitas e o lucro líquido em dólar. Ocorrendo uma valorização do dólar a receita em dólar da empresa cai, da mesma forma uma desvalorização gerar um aumento de receita em dólar. A operação de um hedge cambial fixaria as respectivas receitas em dólar – fixar taxa de câmbio para conversão das receitas de uma determinada moeda para o dólar. Esta operação ajustaria o fluxo de caixa interno para garantir os investimentos, ajustando a demanda interna com a oferta interna. Administrando o risco das variações (preços e taxas) agregamos valor para empresa quando a execução dos investimentos proporciona altos retornos.

Outro bom exemplo é quando o preço do barril do petróleo aumenta, tornando os investimentos mais atrativos (aumento da produção e desenvolvimento de novas plataformas de petróleos), flutuações internacionais do preço do óleo afetam os resultados das indústrias e causam variações da necessidade de investimentos – um aumento do preço do óleo gera maior necessidade de investimento da mesma forma contrária uma baixa no preço do óleo causa menor necessidade de investimento.

Neste segundo exemplo o objetivo da operação de hedge não é neutralizar os efeitos das variações do preço do óleo o que poderia causar um desequilíbrio entre a demanda e a oferta interna de recursos, onde a demanda por recursos para investimento é função do preço do óleo, do contrario um aumento do preço do óleo faltaria recursos e uma queda do preço do óleo sobraria recursos. A especificidade de cada empresa varia a necessidade de hedge.
Benefícios da atividade de hedge:
- alinhar a demanda e oferta de recursos internos para os investimentos;
- baixa do custo de capital pelo aumento do endividamento sem aumento de alavancagem financeira devido à atividade de gestão de risco;
- redução de custo de capital pela redução da volatilidade característica do negócio; e
- minimizar risco de insolvência.
O hedge corporativo reduz a volatilidade do lucro e a probabilidade de insolvência. Os indicadores de alavancagem devem estar associados as necessidades de realizar o hedge, quanto maior o débito da firma, maior é o risco da insolvência e assim maior a probabilidade de se fazer o hedge, reduzindo então volatilidade dos lucros operacionais da firma.

O hedge pode alterar as negociações de dívidas entre credores e acionistas, ao reduzir o risco de insolvência após a contratação de empréstimos o acionista transfere parte de sua riqueza para o credor. A outra circunstância descreve três caminhos para aumentar o risco de uma empresa e transferir riqueza do credor para o acionista.

· Pagando-se elevados dividendos causará uma redução no PL, o valor da empresa torna-se inferior aos dividendos pagos – redução partilhada com os credores ;
· Aceitar mais débitos a empresa eleva seu grau de alavancagem, aumentando assim o seu risco financeiro e de insolvência. Títulos antigos tornam-se mais arriscado e com isso uma declinação nos preços; e
· Admitir projetos mais arriscados aumenta a volatilidade dos fluxos de caixas futuros. Se a perda nos títulos não se refletir no valor da empresa ocorrerá uma queda e as ações se desvalorizam.

Empresas que adotam política de hedge emitem menos ações preferenciais, tem mais negócios não-relacionados, menos dívidas conversíveis e menor liquidez corrente. Empresas que adotam o hedge para escapar das variações da taxa de juros e preços utilizam o hedge para variação do preço de moedas.

Constatações sobre adoção de política de hedge:

· Empresas pouco diversificáveis – as diversificadas tende a uma baixa volatilidade nos resultados;
· Empresas com expressiva participação do Capital próprio na estrutura de capital, maximizar a relação risco e retorno do investidor;
· Empresas de grande porte suportam economia de escala nas operações de hedge;
· Empresas com maior percentagem do seu valor derivada de oportunidades geradas pelo crescimento, traz consigo maior necessidade de adoção da política de hedge;
· Empresas multinacionais tendem a usar mais o hedge off-balance do que as nacionais;
· Empresas compostas por investidores institucionais e por gestores, nesta estrutura de propriedade os investidores institucionais são exigentes e encorajam os administradores a agregarem valor a empresa e isto incluem o hedge.

Na outra ponta as pequenas empresas são mais vulneráveis as oscilações impactantes do mercado e tendem a utilizar o hedge em suas negociações, pois são mais alavancadas e menos diversificadas.

O mecanismo de Hedge é utilizado para redução de risco de um negócio protegendo a empresa contra as oscilações da taxas de câmbio, taxa de juros, preços, etc. O Hedge deve ser aplicado em nível corporativo, e nunca em nível setorial. O hedge protege os fluxos de caixas que garantem os investimentos que geram valor a empresa. Também não relacionado com a estratégia da empresa pode gerar redução dos lucros e até prejuízos.

Fonte: Tese de Doutorado do Prof. Ivando Silva de Faria. Capítulo 4 - O HEDGING E A ESTRATÉGIA EMPRESARIAL.

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